domingo, 13 de setembro de 2009

As audiências dos debates políticos

Oh, lecas, tu queres lá ver que...



E reparem nas bancadas vazias...



Quase passava despercebido.




Lol...



A matemática faz muita falta.



Mentirosos, vítimas e cobardes... no Parlamento?! Naaa...

Bem, mas pelo menos, agora, já sei a razão pela qual os debates políticos veem tendo audiências tão expressivas: o público está mesmo à espera da próxima cena caricata!

Sócrates vs Leite

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

Sócrates parece ter lido todos os jornais e afins que havia para ler dos últimos 10 anos... ou alguém por ele.

O Primeiro-Ministro estudou bem a lição, o programa do PSD, os dossiers, o passado de Leite...

Sócrates ganhou o encontro... Ferreira Leite tentou marcar alguns golos, mas bateram na trave. Sócrates fala bem, discursa bem e, o que é muito importante, é muito bom em "escuta activa". Ouve e contra-ataca.

A assertividade do Primeiro-Ministro é de primeira categoria.

Foi um debate exemplar em que a retórica foi rainha. Poderia ser usado para ilustrar a retórica, nas aulas de Filosofia.

Claro que a
retórica se dedica ao estudo das práticas persuasivas no discurso, não necessariamente com sinceridade.

Claro que um bom retórico fala com verosimelhança, mesmo que diga as maiores mentiras.

Mas foi um bom debate. Interessante. Emocionante. Divertido. Esclarecedor?! Não sei se foi esclarecedor, pois já sabiamos que Sócrates falava bem.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Hitler: a cara do HIV!

Oh, lecas, tu queres lá ver que...




Este anúncio tem corrido o mundo...

Se o HIV tivesse uma cara, seria a cara de quem? Essa foi a questão.

Se o HIV é um monstro, então a cara de Hitler deveria ser a sua. Essa foi a associação de ideias que pôs este anúncio em cena.

A polémica está no facto de que PODEMOS EVITAR SERMOS VÍTIMAS DO HIV. Pelo menos, podemos protegermo-nos. Os Judeus não tiveram essa possibilidade.

Mas a questão parece pertinente: que cara colocar num vírus como o HIV?

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sócrates vs Louçã

Oh, lecas, tu queres lá ver que...


O debate entre Sócrates e Louçã começou com a discussão em torno da Mota-Engil com o Primeiro-Ministro a defender o ajuste directo do terminal de contentores à Mota-Engil. Francisco Louçã realçou ainda que será adjudicada à mesma empresa a auto-estrada Oliveira de Azeméis-Coimbra por uma quantia superior em 500 milhões de Euros. Sócrates não aceitou a afirmação. Nós ficamos com a mesma sensação de que algo vai mal por aqui.


Discutiu-se a nacionalização. Nós sabemos que o Bloco pretende a nacionalização da banca, das seguradoras e do sector energético. Também sabemos que Sócrates não concorda pois ele sabe que isso iria criar complicações na economia e nas finanças.


Eleminar os benefícios sociais da educação e da saúde parece algo de estranho num programa de esquerda, a não ser que seja explicado que isso se defende para um sistema em que a educação e a saúde são gratuitas. Francisco Louçã tentou explicar isso. Mas a forma como o fez não pareceu incisiva. Ou seja, foi mais fácil a Sócrates sublinhar que esses benefícios, segundo o Bloco, deveriam terminar, do que foi a Francisco Louça explicar que esses benefícios já não fariam sentido se os sistemas de saúde e educação fossem gratuitos.
A existência de taxas moderadoras para as cirurgias e internamento são absurdas. As propinas são uma usurpação do direito dos cidadãos à educação superior. Por princípio, concordo que o sistema fiscal deve assentar na simplicidade, pois ao existirem muitas excepções e benefícios isso significa que quem não for capaz de interpretar essas subtilezas irá ficar de fora dos benefícios. Mas não sei até que ponto Francisco Louçã foi capaz de deixar isto claro para o português comum.


O imposto sobre as grandes fortunas e a ideia de taxar os ganhos milionários dos gestores são, de alguma forma, complementares. As grandes fortunas devem ser taxadas e Francisco Louçã soube defendê-lo. Sócrates quer taxar os vencimentos milionários de forma mais agressiva, o que também me parece válido.


A guerra dos números relativamente ao desemprego é sempre igual. O Governo fala de conjectura e a oposição da falta de acuidade das regras estatísticas. Mas as estatísticas e os números são armas de uma guerra que as pessoas que estão desempregadas vivem dia-a-dia. O que se quer são soluções. As soluções que o Governo propõe são sempre insuficientes para a oposição e os desempregados querem é emprego.


Diferenças e entendimentos. Por tudo isso o Bloco não quer nada com o PS e o PS sente-se melindrado pela atitude do Bloco.


A referência às camas do Hospital de Seia foi uma parte muito interessante do debate, a rivalizar com a discussão da política financeira e económica. E pareceu-me que este episódio revelou bastante. A cena de se inaugurar um Hospital e, no dia seguinte, devolver as camas ao fornecedor parece episódio de uma peça de teatro, cómico. Mas como tudo se passou no palco da realidade, parece-se mais com uma tragédia...


No final do debate (e não só) Sócrates fez questão de esclarecer o público de que se ele não ganhar, ganha Ferreira Leite e não o Francisco Louçã. Por seu lado, Louçã tentou mostrar que a sensibilidade do eleitor está a mudar dando o exemplo de Manuel Alegre e mencionando a percentagem de votos que o Bloco teve nas europeias.


Por tudo isto é complicado saber quem ganhou o debate. Mas parece-me que a Judite está mais loura! Ou não?

domingo, 6 de setembro de 2009

Leite v/s Louçã

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

Ora, o debate que decorreu na TVI, dia 06 de Setembro de 2009, opôs Manuela Ferreira Leite (MFL), líder do PSD, a Francisco Louçã (FL), líder do BE.

Parece-me que o debate revelou duas linhas distintas de raciocínio, a saber, a de FL que consistiu, principalmente, em defender que as suas ideias e propostas diferem substancialmente das do programa do PSD - e a linha de raciocínio de MFL que consistiu, por seu turno, em afirmar que afinal as suas opiniões são basicamente as do BE. A frase mais ouvida a FL foi "e aqui temos grandes diferenças". A frase mais ouvida a MFL foi "estou em parte de acordo com as coisas que o Francisco Louçã disse".

Ora, esta prevalência por si só deve revelar alguma coisa, e suponho que seja interessante saber o quê. Bem, MFL parecia ter apostado em mostrar que aquilo que o BE defende está protegido se ela for eleita para o Governo. Por outro lado, à frase "estou em parte de acordo" seguia-se ou o contrário daquilo que FL dissera, ou um conjunto de generalidades retiradas do manual do senso-comum e que, exactamente pela sua abstracção, tanto poderiam conter tudo como coisa nenhuma. Quanto a FL passou o frente a frente a suar para provar que aquilo que o BE defende nada tem que ver com aquilo que o PSD defende, mas como tentava a cada passo usar apresentações económicas objectivas o seu discurso acabava engolido pela generalização de MFL.

Portanto, enquando MFL tentou mostrar que ela aí está para defender os interesses de toda a oposição, que afinal cabe inteira nas suas ideias, FL esgremiu todos os argumentos que foi capaz de desencantar para afiançar ao seu eleitorado que vale a pena votar no BE.

Mas se essas foram as ideias com prevalência ao nível da frequência, podemos ainda perguntar se elas foram também as mais importantes. É que, muitas vezes, a realidade não se mostra tal como é na maioria das suas manifestações, mas é apenas em alguns raros fenómenos que ela traz à luz as suas verdadeiras características ou propriedades. Por vezes o mais importante do que é dito não se radicou no que foi mais vezes afirmado, mas precisamente naquilo que escapou apenas uma vez.

Houve, pois, uma expressão que eu aqui, neste mero apanhado, gostava de realçar: "é a vida". Ora, este "é a vida" que escapou da boca de MFL faz-me lembrar um sem número de situações em que ouvi essa mesma locução. Estas situações são sempre situações que parecem estabelecidas definitivamente e são entendidas como estabilizadas por quem com elas se depara. Ou melhor, na maioria das vezes, a gente diz é a vida quando interpretamos esta ou aquela situação como banal, recorrente, irrevogável. É a vida porque não há nada a fazer. E quando nada há a fazer, já tudo foi feito. Esta é a apresentação mais habitual do domínio de familiaridade: é assim a vida.

Este é um problema que afecta as nossas sociedades: tomamos demasiadas coisas como pre-estabelecidas, como parte da realidade como ela é. Consideramos a pobreza apenas mais uma lei da natureza: é verdade que tudo o que sobe cai e que os pobres têm de existir. É verdade que o sistema de saúde está mal, que o casamente se trata de uma formalização da união entre duas pessoas de sexos diferentes, e por aí além. Existe um sem número de interpretações pre-estabelecidas que formatam o modo como entendemos o que se passa à nossa volta.

Esta forma de abordar o que se passa à nossa volta tem um nome: comodismo. Também se lhe pode chamar conservadorismo, quando a mera pre-aceitação da realidade aparente toma a defesa daquilo que aparece como real. Na certeza de estarm a defender a realidade, a gente jura a pés juntos que é realista e que quem não vê as coisas como elas aparecem defende uma apresentação utópica. Na verdade, o nome não me interessa no caso presente. Mas considero que este foi o momento esclarecedor do debate. O momento a partir do qual podemos ter luz para ler as restantes linhas deste frente a frente. O momento em que o realismo de MFL se opôs às utopias de FL. E quanto a isto tenho a dizer que nem sempre aquilo que parece ser real é real.


Muitas vezes, na verdade, na maior parte das vezes o que aparenta ser real é apenas aparência. Por outro lado, a utopia é muitas vezes o que leva à reconfiguração da realidade. É o sonho que comanda a vida. E se, mal ou bem, a humanidade chegou onde está hoje, não foi por tomar as coisas como certas ou como estabelecidas, mas porque a humanidade se definiu sempre a si própria através de um desejo de desafiar a estabilidade, porque as suas expectativas mais ilustres estão sempre lançadas em alguma coisa que não tem lugar ainda (utopia).

A ironia na promoção ao Jornal Nacional

Oh, lecas, tu queres lá ver que...





E se...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Manuela Moura Guedes e a suspensão do Jornal Nacional



Manuela Moura Guedes e a suspensão do Jornal Nacional pelos espanhóis...

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

Bem, fui apanhado de surpresa por esta notícia ao vir do trabalho e... fiquei sem saber muito bem o que pensar... Cheguei a casa e lancei-me aos jornais online, li o que havia, os comentários ao que havia, e corri para a blogosfera...

Bem, continuo sem saber bem o que pensar! Mas há algumas coisas que parecem dever ser pensadas.

Primeiros: nesta questão toda as notícias e sítios oficiais ou mais ou menos oficiais parecem estar a defender a posição de Manuela Moura Guedes (MMG), no Jornal Nacional de sexta-feira, com unhas e dentes;

Segundos: parece que o público que comenta as notícias é mais crítico nesta matéria do que os próprios jornalistas ou comentadores profissionais, pois não embala sem mais nessa vitimização de MMG;

Terceiros: o Jornal Nacional não me parece nada um primor a fazer jornalismo, as notícias nem sempre parecem ser transmitidas com isenção (seja isso lá o que for); posto isto, a pivô MMG ainda me parece menos imparcial, e ela própria o admite (sendo que admito que não acredito que se possa ser isento de opinião da mesma maneira que se pode ficar isento de IRS ou IMT); um jornalista é um ser humano (sim, é verdade);

Quartos: não gosto (lá estou eu a ser parcial) da forma como a pivô MMG conduz o Jornal Nacional, de resto, não gosto do Jornal Nacional em geral; parece-me superficial, pouco rigoroso; a pivô em causa, bem como este serviço informativo em geral, parece-me que não aprofunda os temas, que os explora apenas pela rama, ao nível daquilo que causa mais sensação; trata-se de um serviço que, diria eu, está virado para gerar audiências, e não para informar o auditório;

Quintos: o facto de ter acontecido este episódio todo não óbvia nenhuma dessas observações, isto é, não foi o facto de o Jornal Nacional de sexta com MMG ter sido suspenso que, de repente, tornou aquele serviço idónio ou aquela jornalista mais (ou menos) profissional do que era antes;

Sextos: a observação anterior também não nega que não devem existir intromissões políticas nos serviços de comunicação e informação pública, quer sejam privados quer sejam públicos; o facto de eu não gostar daquele serviço permite-me dizê-lo - eu posso não gostar e posso dizer que não gosto, e dizer por que razão não gosto; mas, se eu for Primeiro-Ministro (lol), não devo/posso mandar despedir ou suspender esse serviço informativo, nem as funções de um determinado jornalista (apesar de não gostar);

Sétimo: tanto quanto pude ver até agora (19:35 de 03-09-09) não me parece certo que tenha sido Sócrates a mandar o que quer que seja nesta matéria; aliás, acredito que existam estas ou aquelas pressões (de resto, quase tudo pode ser considerado pressão), mas interessa saber o que se entende por pressão em cada caso, ou seja, que pressões exactamente "existiram durante muito tempo", como disse José Eduardo Moniz? É que uma coisa é o Primeiro-Ministro dizer que aquele telejornal (?) era travestido - o que pode ser considerado, de algum modo, pressão - outra coisa é existirem ameaças ou promessas por parte de Sócrates para levar ao despedimento; quero com isto dizer, convinha nós, anónimos cidadãos, sabermos que raio de pressões foram essas;

Oitavos: é tão provável (neste momento), para mim, que tenha sido o PS (ou parte dele ou do seu governo) a exigir a suspensão daquele serviço noticioso, como é que tenha sido a oposição (ou parte dela) a solicitar um tal acontecimento como forma de despoletar toda esta discussão; sejamos claros, quem mais perde com toda esta cena é o candidato do PS, José Sócrates (de quem eu também não gosto particularmente); portanto, na minha humilde perspectiva, ganhou-se o facto de nos termos livrado de uma pivô que fazia um jornalismo sensacionalista, sem grande cuidado no aprofundamento dos temas e que tende para as peixeiradas, e ainda se ganhou o facto disto tudo afundar ainda mais a possibilidade real de Sócrates chegar ao governo outra vez; resta saber se, destas consequências que, isoladamente, me parecem positivas, não irão ainda resultar danos colaterais;

Nonos: resta também que é perfeitamente possível que tudo isto se tenha causado por quaisquer outros motivos escondidos nos cérebros contabilisticos, ou nos espíritos eticamente preocupados, dos espanhóis que, eles sim, mandam na TVI;

Décimos: finalmente, já alguém reparou que tudo isto resultou de ordens que vieram do estrangeiro? Eu considero tudo isto muito natural, é claro! Vivemos num mundo sem fronteiras (lol) e eu acho tudo isto muito bonito. Mas talvez a Prisa se esteja apenas a vingar de José Sócrates por este, no passado, ter impedido que a PT anexasse/comprasse parcialmente a TVI. I'm just kidding!!!