terça-feira, 20 de outubro de 2009

José Saramago e o "Caim"

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

Bem, José Saramago fez correr tinta outra vez... escreve-se uma estória esbelta sobre uma viagem de um elefante português pela Europa que já era, toda a gente o aclama. Mas se se escreve um livro, de ficção, que vasculha a literatura canónica e se fazem umas afirmações, no seu lançamento, que molestam essa mesma literatura, ... cai o Carmo e a Trindade...

Bem, pessoalmente considero a Bíblia um livro muito importante. Considero a Bíblia um livro fundamental, que todos deveríamos ler com olhos de entender. Mas, que tem isso que ver com a opinião de Saramago? Há maus costumes na Bíblia? Bem, que pensaríamos de alguém que nos dissesse que ia matar o filho porque Deus lhe estava a ordenar esse acto?

Hoje, Abraão seria internado, tratado como um doente do foro psicológico.

Que pensaríamos hoje se, alguém que matou o irmão, acabasse por herdar o que era, precisamente, do irmão?

Que pensaríamos nós de tantas outras situações descritas na Bíblia?

A Bíblia não é um manual de História. Também não é um livro escrito com a intenção de ser um livro de ficção. Também não foi escrito hoje, nem ontem, mas há milénios. Isso deve ser tido em consideração.

Mas que tem tudo isto que ver com a opinião de Saramago? A qual não se resume a umas frases soltas. Há um contexto conceptual.

E que tem tudo isto que ver com o livro? É um livro de ficção. Goste-se, ou não se goste. Por isso é que somos livres de o comprar, ou não. Eu comprei e irei lê-lo assim que tenha tempo. Pois, de facto, ainda não o fiz. Quando o ler, então poderei comentar o valor literário dele. Pois é assim que as obras literárias devem ser avaliadas, e não porque distorcem esta ou aquela perspectiva religiosa.