terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sócrates vs Louçã

Oh, lecas, tu queres lá ver que...


O debate entre Sócrates e Louçã começou com a discussão em torno da Mota-Engil com o Primeiro-Ministro a defender o ajuste directo do terminal de contentores à Mota-Engil. Francisco Louçã realçou ainda que será adjudicada à mesma empresa a auto-estrada Oliveira de Azeméis-Coimbra por uma quantia superior em 500 milhões de Euros. Sócrates não aceitou a afirmação. Nós ficamos com a mesma sensação de que algo vai mal por aqui.


Discutiu-se a nacionalização. Nós sabemos que o Bloco pretende a nacionalização da banca, das seguradoras e do sector energético. Também sabemos que Sócrates não concorda pois ele sabe que isso iria criar complicações na economia e nas finanças.


Eleminar os benefícios sociais da educação e da saúde parece algo de estranho num programa de esquerda, a não ser que seja explicado que isso se defende para um sistema em que a educação e a saúde são gratuitas. Francisco Louçã tentou explicar isso. Mas a forma como o fez não pareceu incisiva. Ou seja, foi mais fácil a Sócrates sublinhar que esses benefícios, segundo o Bloco, deveriam terminar, do que foi a Francisco Louça explicar que esses benefícios já não fariam sentido se os sistemas de saúde e educação fossem gratuitos.
A existência de taxas moderadoras para as cirurgias e internamento são absurdas. As propinas são uma usurpação do direito dos cidadãos à educação superior. Por princípio, concordo que o sistema fiscal deve assentar na simplicidade, pois ao existirem muitas excepções e benefícios isso significa que quem não for capaz de interpretar essas subtilezas irá ficar de fora dos benefícios. Mas não sei até que ponto Francisco Louçã foi capaz de deixar isto claro para o português comum.


O imposto sobre as grandes fortunas e a ideia de taxar os ganhos milionários dos gestores são, de alguma forma, complementares. As grandes fortunas devem ser taxadas e Francisco Louçã soube defendê-lo. Sócrates quer taxar os vencimentos milionários de forma mais agressiva, o que também me parece válido.


A guerra dos números relativamente ao desemprego é sempre igual. O Governo fala de conjectura e a oposição da falta de acuidade das regras estatísticas. Mas as estatísticas e os números são armas de uma guerra que as pessoas que estão desempregadas vivem dia-a-dia. O que se quer são soluções. As soluções que o Governo propõe são sempre insuficientes para a oposição e os desempregados querem é emprego.


Diferenças e entendimentos. Por tudo isso o Bloco não quer nada com o PS e o PS sente-se melindrado pela atitude do Bloco.


A referência às camas do Hospital de Seia foi uma parte muito interessante do debate, a rivalizar com a discussão da política financeira e económica. E pareceu-me que este episódio revelou bastante. A cena de se inaugurar um Hospital e, no dia seguinte, devolver as camas ao fornecedor parece episódio de uma peça de teatro, cómico. Mas como tudo se passou no palco da realidade, parece-se mais com uma tragédia...


No final do debate (e não só) Sócrates fez questão de esclarecer o público de que se ele não ganhar, ganha Ferreira Leite e não o Francisco Louçã. Por seu lado, Louçã tentou mostrar que a sensibilidade do eleitor está a mudar dando o exemplo de Manuel Alegre e mencionando a percentagem de votos que o Bloco teve nas europeias.


Por tudo isto é complicado saber quem ganhou o debate. Mas parece-me que a Judite está mais loura! Ou não?

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