quarta-feira, 11 de maio de 2011

Crise e Soberania

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

(não) temos Soberania...

Para alguns Napoleão deveria ter-nos conquistado. Para outros, o problema vem de mais longe: a independência foi um erro. Para mais, cometemos o erro duas vezes: primeiro com D. Afonso Henriques, depois quando restaurámos a independência (no reinado de Filipe III, o IV de Espanha).

Mas agora parece que finalmente entregámos os nossos destinos a uma entidade externa mais competente: a troika. Na verdade são três entidades, o que lhes garante mais competência ainda. E podemos pensar numa quarta entidade, sempre por perto, a Alemanha.

Percebemos, já, que não nos sabemos governar. Não se percebe para que foi todo esse esforço quase milenar para conquistar, manter e reconquistar a independência. Nós acabámos por entregar a nossa soberania numa bandeja.

Se os Espanhóis de outro tempo se tivessem lembrado de tal esquema: em vez de nos mandarem exércitos, mandavam-nos "ofertas", propunham-nos a compra de casas e terras em Castela, vendiam-nos um rochedo, e assim nos levavam a endividar-nos. Depois, para pagar a dívida, teriamos entregue a nossa soberania. Como é que não se lembraram disso?

Imaginem os generais de Napoleão a vender-nos todo o tipo de propriedades, coisas muito úteis e também luxuosas, em vez de nos mandar soldados. Várias vantagens: não teria que suportar o preço do exército; ainda ganhava dinheiro; teria concerteza conquistado o nosso país, pois nós teríamos facilmente aceite a sua ajuda.

Com isto não estou a "recriminar" quem nos emprestou dinheiro, nem estou a dizer que não deveríamos pagar o que nos emprestaram. Estou a notar um facto: não sabemos governar-nos.

Por que será?

Cada povo tem os governantes que merece. E cada governante tem o povo que merece. Nós falamos muito mal dos políticos. Mas eles "somos" nós. São os políticos que temos, que somos. São como nós. Todos os dias reconheço em Sócrates o português comum, e no português comum Sócrates. Somos todos responsáveis. Todos. E, tipicamente à português, isto dá-nos um alívio especial.

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