sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A espalhafatosa estupidez dos políticos

Oh, lecas, tu queres lá ver que...


Políticos e governantes e comentadores pensam, na sua imensa parvoíce, que os portugueses estão muito chateados porque os ministros foram inábeis a escolher o nome do imposto...

Pensam que os portugueses foram para a rua porque nutrem um ódio particular especificamente dirigido às três letras, TSU.

Mas estão equivocados, como acontece regularmente a quem é parvo.


Os comentadores e políticos, nos meios de comunicação, parecem já ter assumido que a redução da TSU para as empresas vai ser preservada, e que precisamos de encontrar outra forma de os trabalhadores pagarem isso... e isto é que é mesmo irritante...


O que irrita o Povo na carga fiscal não é o nome dos impostos.


Pelo que alguns dizem na televisão parece que, se amanhã o governo voltar atrás no aumento de 7% da TSU para trabalhadores, os portugueses ficarão muito contentes e aos pulinhos de alegria dirão uns para os outros: "ainda bem que desistiram daquele nome inestético, é que IRS é muito mais giro".

Mas estão equivocados, como acontece regularmente a quem é parvo.

O que irrita os portugueses é um lote assaz extenso de estupidez e parvoíce que tem jorrado abundantemente das cabeças obtusas dos ministros.

Não é verdade que o que estão a fazer seja o caminho único segundo o memorando da Troika, ou segundo as obrigações internacionais.

Não é verdade que a mexida anuncida na TSU seja uma medida necessária.


Ora, os ganhos para o Estado vão ser muito limitados porque, apesar de tirar um ordenado a toda a gente pela via da TSU, depois devolve a maior parte desse dinheiro aos patrões (podemos chamar-lhes empresários, ou capitalistas, mais uma vez não é o nome que interessa).

Os impactos práticos no emprego serão muito, muito, muito reduzidos, porque o mercado está a contrair, não a expandir, e as pessoas terão ainda menos dinheiro para gastar, logo, ninguém vai precisar de aumentar o número de trabalhadores.

Os impactos na exportação poderão ter a vantagem de nos fazer ter uma balança comercial mais positiva, mas os resultados positivos são residuais - ou seja, não é por aí (isoladamente) que se lança a economia.

Provavelmente, as medidas anunciadas sobre a TSU conseguirão apenas consolidar os monopólios onde já existem, ou onde uma ou duas grandes empresas poderão usar a poupança na TSU para eliminarem a concorrência.


Mas o que irrita mais é que os portugueses ficam sem dinheiro, sem dois ordenados no público e sem um no privado.

Irrita que o aumento da TSU seja mais acentuado para quem ganha 500€ do que para quem ganha 5000€.

Irrita que este aumento contributivo seja utilizado para baixar as contribuições dos patrões.

Irrita que as medidas a aplicar aos grandes capitais, às grandes riquezas, aos ricos em geral, prevejam aumentos entre 1% aqui, e 2% ali, enquanto os trabalhadores pagam mais 7%.


Depois irrita que comentadores e economistas se deixem levar pelo engodo. É que é fácil arranjar alternativas.

Primeiro, antes de mais, NÃO REDUZIR A TSU AOS PATRÕES, com isso poderemos NÃO CORTAR UM DOS SUBSÍDIOS AOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS;

Pronto. Aqui estamos na circunstância em que basta um subsídio a todos, privados e públicos. Como fazê-lo?

NÃO POR VIA DA TSU, pois é cega.

Poder-se-ia operar um aumento efectivo do IRS na casa dos 7%.


Mas, o correcto, se os nossos governantes não fossem como são, seria reduzir nos gastos intermédios do Estado, nos consumos excessivos dos dirigentes e dos políticos, com carros de alta cilindrada, codornizes e alta cozinha no Parlamento, PPP's...

Se se fizessem essas poupanças seria preciso aumentar bem menos do que 7% nos impostos.


Mas os comentadores e políticos, nos meios de comunicação, parecem já assumir que a redução da TSU para os patrões vai continuar, e que precisamos de encontrar outra forma de os trabalhadores pagarem isso... e isto é que é mesmo irritante...



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