segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A doença dos governantes: vírus governante ou lobotomia?

Oh, lecas, tu queres lá ver que...

Que nome daríamos a alguém que insiste em fazer o mesmo caminho esperando alcançar diferentes destinos?

Que nome daríamos a quem faz repetidamente coisas mesmas jurando, a cada vez, que irá obter resultados diferentes?

Nas séries CSI vemos que os investigadores tentam reproduzir acontecimentos para determinarem os resultados dos acontecimentos que investigam. Num episódio um polícia atirou um botão de um casaco ao chão, no mesmo local onde um suspeito teria perdido o seu, com o intuito de encontrar o botão que o suspeito perdera. Ora, aqui está: toda a ciência, na verdade todo o conhecimento só existe, só pode existir, só tem condições de validade se assumirmos a regularidade das coisas. Se X produz Y, sempre que eu fizer X, produz-se Y. Este pensamento tem dado frutos: prédios, estradas, televisões, computadores, relógios, etc....

Mas a economia não é uma ciência rígida. Tem muitas variáveis e lida com probabilidades. Muitos eventos económicos são incertos.

Conquanto tal incerteza, alguém espera que a austeridade provoque por si mesma a emancipação de uma economia. Sinceramente: alguém imagina que a subtracção constante origine suplemento?

Se percorremos o caminho da Grécia, como poderemos pensar que não nos estamos a dirigir para o mesmo fim?

É um erro pensar que a austeridade leva a prosperidade. Pode ser necessário rigor, alguma estabilização do exagero da dívida ou do défice. Mas jamais a austeridade levará à prosperidade. É uma simples questão de lógica. É preciso algo mais, outra coisa além da austeridade.

Enfim, o PSD na oposição afirmava que o PS não deveria apenas apostar no mais fácil, nos cortes de ordenados/aumento de impostos ou nos despedimentos. Na oposição, o PSD falava de cortes estruturais, de medidas sistémicas. Agora, no Governo, segue o caminho mais fácil: aumenta impostos, corta nos ordenados, despede trabalhadores. Cortes verdadeiramente estruturais e medidas sistémicas significativas não se vêm.

Parece que quando uma pessoa entra para o Governo é imediatamente assolada por uma espécie de estupidez endémica aos cargos governativos. É o vírus governante: não sei se é bem parvoíce, estupidez ou pusilanimidade. Uma pessoa enquanto fora do governo pode revelar boas intenções, boas ideias, boas acções, boas práticas profissionais, empenho e raciocínio extremosos - a mesma pessoa no governo parece ter sofrido uma lobotomia (em que a parte do cérebro destinada às virtudes foi compulsivamente seccionada).

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